domingo, maio 1

Chuva de verão

De repente
Todos os gris deslumbram
O horizonte torna-se íntimo do oceano
E o meu olhar já não vislumbra ao longe
Entre o céu e a terra os cheiros me visitam
Cheiro de maresia
E de antecipação da tarde que se faz outono.

Renitente, o sol tenta
Recolorir a paisagem em tons violetas e quentes
Descortina-se entre brancos carneiros de nuvens
Testemunho da vida  que lá fora corre apressada.

É um caso de amor apressado entre o verão e a cidade.

A tarde sucumbe ao tempo e
Por entre as cores do arco
Íris de Deus em lamento chora
Molhando o asfalto e os pensamentos meus.

SEM PALAVRAS

A voz acende e  insinua-se
entre as paredes do pensamento.


É vício falar
no entanto
intento ressoa  garganta adentro.


Sucumbe a palavra ao gesto mudo
grita o sentimento
e ao surdo a dor escapa.


A morte,  a palavra talha
somente o silêncio vive.