quinta-feira, outubro 2

Um mundo diferente


















 Nas minhas mãos ...

Desenhei meu mundo assim:
um grande coração
abrigo de amor e paz
lugar onde as pessoas
deitam suas esperanças
e os abraços fazem suaves cócegas.

Castelo amarelo
sem muro, sem trava
sem trinco, sem lágrima
na beira da estrada
riacho cristalino
banhado de flores.

Uma casa alegria
de portas abertas
cortinas, janelas
e  girassóis
_ girando sempre ao redor do sol.

Uma casa sorvete
com cobertura de chocolate meio amargo
- Adoooooro!
E confetes coloridos, muitos confetes
- te todas as cores.

O  meu mundo seria uma imensa biblioteca
- Enooooormeeee!
E as pessoas iriam morar nos livros
- seriam livros casas
livros asas
livros palavras
livros fantasia.

O mundo em minhas mãos teria
peixes palhaços
_ alaranjados,
cachorros e pássaros.
Muitos pássaros _poemas.
E o mundo seria abraçado por muitas mãos:
brancas, amarelas, pretas e vermelhas.

E aí já não seria apenas o mundo em minhas mãos.
Fátima Mota
 

quarta-feira, setembro 17

Vontades


E a noite seria bem vinda
se todos os segredos adormecessem as consciências.
Se a clara manhã não fosse vã
e a esperança nos trouxesse a alegria

E a tarde seria tão mansa
a vida seria mais terna
com menos pedras   lançadas
- a paz seria brinquedo de pequeno alcance.

E se o dia nos chegasse sem dores
 se flores fossem regadas
a messe seria mais bela
ainda que não existisse a  primavera.

 O coração seria o cais de palavras
- nunca de pedra.

quarta-feira, setembro 10

Cais de pedra



Quero a noite densa
para acolher meus  pensamentos
com todas as suas cláusulas
e contratempos.

Quero  a suave brisa
Nesse abraço liso
Cheio de chegadas
E saudade re_partidas.


Quero um rio_mar
Doce ou salgado
Anistia  de lágrimas e risos. 


Quero um anjo alado
Caído no meu quintal
Um anjo vassalo
Que me encontre desavisada
- só por essa vez-
um anjo só meu.


Quero um porto sem navio
Onde escrevo nas paredes
Um poema concreto
- sem meio ou fim_
poema de cais de pedra.




domingo, agosto 31

O recreio da escola

Quando a sineta tocava
O pátio se coloria 
Corríamos para brincar 
Entre gritos de alegria. 

Diferentes guloseimas 
Na lancheira não faltava 
Brigadeiro e sanduiche 
Bolo, suco e goiabada. 

Pirulitos e balinhas 
De hortelã e canela
De tudo o que eu mais gostava
Dava a menina mais bela. 

Nos olhos daquela menina 
Duas estrelas anis 
Em céu de algodão doce 
Um menino era feliz.

 Fátima Mota

segunda-feira, agosto 25

Falando de livros





Um livro é  castelo
Pintado nas nuvens
Sem portas ou trancas
É mundo da lua.

Um livro é desenho
De um dia aquarela
De nuvens pintadas
Com o sol amarelo.

Um livro é caixa
De mágica e segredos
É lápis escrevendo
Os sonhos e medos.

É infância, velhice
É tempo de escola
Boneca ou pipa
Campinho e bola.

É anjo sem asas
Poema e casa
O livro é fala

Que a minh’alma cala.

sexta-feira, agosto 22

Matizes

Por-do-sol - Campina Grande -Pb

Matizes 

Há sempre um assombro entre meus olhos.
Há sempre um espanto nos meus ouvidos.
O fim do dia me põe de joelhos.

Quedo-me e silencio.


Lá onde a vista se alonga
há uma pintura abstrata,
vermelhos e purpúreos,
claros alaranjados.

Uma mão divina caprichou nas pinceladas!

Inquietas formas e sombras,
colisão entre céu e serras
árvores e terra.

Na penumbra, verdes e cinzas se completam.

E no caminho, uma árvore solitária
finca raizes no árido chão.
Um dia contarão a sua história!

Indiferentes pássaros fazem a sua revoada,
quase noturna, quase soturna.

A natureza reverbera os seus matizes
beleza e pranto se confundem. 

Penso nos avessos do cotidiano
caminhos de pedras e  flores
recortes  e contrastes
afetos e saudade.

Não sei se a natureza chora ao despedir-se do dia.
Seria um festim da  noite para alumiar as dores
desertadas entre faces e risos?


A minh'alma reparte-se sublimando o dia.
Recolhe-se a fala e, quieta, dorme.
Imperativo calar!

Atrás dos montes um gigante  acomoda-se

logo sera noite e a lua , de fases, esconde-se.

Será que verei estrelas nos meus descaminhos?
Fátima Mota