domingo, junho 12

Ponto de vista: festas juninas



          As festas juninas estão acontecendo e, apresenta-se um bom momento para discutirmos nas salas de aula  conteúdos sobre cultura e meio ambiente. Ao mesmo tempo em que as  tradições devem ser  cultivadas, faz-se necessário  uma reflexão sobre aspectos que interferem na preservação do meio ambiente, lembrando também os perigos dos fogos de artifícios, os cuidados com as fogueiras e, principalmente, o quão  perigoso é soltar balão.
         Como toda boa sertaneja, sou apaixonada pelos festejos juninos: as simpatias e adivinhações, a fogueira no terreiro, os jogos, as comidas de milho, as barraquinhas, a coroação do rei e rainha, quadrilha e o forró (com sanfoneiro e zabumba).  Quem nunca pulou fogueira?  Assou milho com espeto e batata no braseiro? Quem não brincou de madrinha e padrinho no terreiro? Quem não viu balão subindo e fogos de lágrima caindo?
     Quando criança, sempre via meu avô soltar balão e não compreendia o perigo que ele representa ao cair (continuo encantada pelos balões, agora consciente da impossibilidade de soltá-los). No interior, em noite de São João, até o universo conspira a favor e o céu se enche de estrelas para iluminar a festança, mesmo que à noite caia uma chuvinha para acalmar o calor, nunca para atrapalhar a dança.
          Inquieta-me a versão São João eletrônica (despojo-me aqui de qualquer preconceito ao modo contemporâneo de ser e de ver) divulgada e generalizada que, em minha opinião está descaracterizando os festejos nas suas verdadeiras  raízes. Essa versão, presente não apenas nas cidades, já está fazendo parte dos costumes do interior, espaço que, por dever e respeito deveria cultivar a tradição. Penso que  manter as características dos usos e costumes, divulgar a cultura de uma região é fazer história e me preocupa o que a próxima geração irá conhecer sobre o nosso passado.
         Não me considero uma saudosista, mas defendo que é fundamental os alunos conhecerem a cultura do seu povo, as suas raízes e tradições, porque são fatos importantes que compõem a história de cada um. Afinal, que juízo de valor poderão formar daquilo que não conhecem?

São João na roça




Quando chega o mês de Junho
Muita festança  acontece
No terreiro da fazenda
Tem quadrilha e tem  quermesse
Tem arraiá enfeitado
Muito forró animado
Casais dançando colado
Tristeza desaparece.

O céu se enche de estrelas
Nesta noite de São João
Enfeitado de bandeiras
Terreiro vira salão
Meninas  namoradeiras
Saias rodadas de chita
Com trança e laço de fita
Chegam com animação.

Uma fogueira é acesa
Põe-se milho para assar
Já tem comida na mesa
E pinga para esquentar.
Tem cocada e bolo preto
Canjica, arroz e pamonha
É  tanta gente risonha
Na barraca do  arraiá.

Pra criançada tem jogos
De argola e pescaria
Pau de sebo, tiro ao alvo
Pula fogueira  Maria
E para  a namoradeira
Tem um  correio elegante
Assina um  rapaz  galante
De chapéu e galhardia.

Enfim começa a quadrilha
Arrasta-pé no salão
Sanfoneiro  puxa o fole
Casamento matutão
Mas antes da cerimônia
O noivo foge apressado
O padre fica amuado
E Maria sem João.

A sanfona toca um xote
O forró  já  começou
Dança João com Maria
Com  a benção do senhor
Explodem fogos no céu
E até  o  dia raiar
Festa mais bela não há
Que São João no interior.


Fatima Mota

quarta-feira, junho 8

Para sempre




Longe é uma palavra que não existe
bem disse o poeta..
Quero-te perto
para mordiscar-te a orelha e fazer cafuné.
E quando o plano físico nos separa
invento-te a meu bel-prazer
sem segredos ou mistérios.
 
Sempre é uma palavra que me deixa inquieta
pois que de amor bem sei
o infinito dura apenas o tempo do que é lei
e o eterno é fragmento
do mais belo segundo
em que nos amamos.