domingo, abril 24

Talvez eu reme contra a maré, mas... não quero me acostumar!

         A importância do ato de amor na educação das crianças e na vida dos adultos já está mais que provada. A violência, o desrespeito e o desamor têm produzido muitos desvios na personalidade das pessoas gerando conflitos e comportamentos que tem resultado em verdadeiras tragédias. Muitos assassinos são formados a partir de sequelas produzidas pelo abandono, pela negligência, pela segregação e por tantas outras razões. Não que isso justifique. Nada justifica o ato de tirar a vida do semelhante, mas talvez forneça pistas para responder alguns por quês.
         Não acredito que, naquele momento o reconhecimento ou apenas o carinho da professora fosse impedir a tragédia, porque não foi um ato impensado, mas algo construído na mente do Wellington. Não me cabe julgar ou diagnosticar as causas, sou pedagoga, penso, porém, talvez se os distúrbios comportamentais tivessem sido detectados e tratados, quem sabe! Talvez se ele tivesse ao longo da sua vida, recebido amor e consideração. O ato cometido foi uma somatória, uma ideia tomando forma paulatinamente, pelo menos é assim que se compreende quando são publicadas as matérias sobre o assunto. São tantas as conjectures e questionamentos. De quem é a culpa? Do sistema excludente que segrega o diferente ou desse mesmo sistema que alicia para as suas convicções? Dos pais que, correm atrás do trabalho e não tem tempo para a sua verdadeira riqueza: os filhos? Em que momento, nós educadores produzimos feridas em nossos alunos que jamais cicatrizarão? Resta-nos a triste constatação de que esse é mais um caso dentre tantos outros que nos choca, sensibiliza e que em pouco tempo torna-se estatística.
             Que possamos,  a partir dessas tragédias, acordar para a nossa responsabilidade de educador; que a sociedade também acorde para a sua responsabilidade com a formação ética e moral das crianças e, oxalá não precise sempre de tragédias para sair do estado de letargia que nos encontramos. Então cito Marina Colasanti: "A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma."

        Talvez eu reme contra a maré, mas... não quero me acostumar!

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