sexta-feira, agosto 22

Matizes

Por-do-sol - Campina Grande -Pb

Matizes 

Há sempre um assombro entre meus olhos.
Há sempre um espanto nos meus ouvidos.
O fim do dia me põe de joelhos.

Quedo-me e silencio.


Lá onde a vista se alonga
há uma pintura abstrata,
vermelhos e purpúreos,
claros alaranjados.

Uma mão divina caprichou nas pinceladas!

Inquietas formas e sombras,
colisão entre céu e serras
árvores e terra.

Na penumbra, verdes e cinzas se completam.

E no caminho, uma árvore solitária
finca raizes no árido chão.
Um dia contarão a sua história!

Indiferentes pássaros fazem a sua revoada,
quase noturna, quase soturna.

A natureza reverbera os seus matizes
beleza e pranto se confundem. 

Penso nos avessos do cotidiano
caminhos de pedras e  flores
recortes  e contrastes
afetos e saudade.

Não sei se a natureza chora ao despedir-se do dia.
Seria um festim da  noite para alumiar as dores
desertadas entre faces e risos?


A minh'alma reparte-se sublimando o dia.
Recolhe-se a fala e, quieta, dorme.
Imperativo calar!

Atrás dos montes um gigante  acomoda-se

logo sera noite e a lua , de fases, esconde-se.

Será que verei estrelas nos meus descaminhos?
Fátima Mota






3 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  2. Fico impressionada com a sua sensibilidade para a poesia. A imagem ficou linda e a poesia mais ainda. Parabéns por tamanha criatividade. Sou sua fã! Beijos!!!

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  3. Obrigada, a recíproca é mais do que verdadeira. Bj.

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