domingo, julho 31

Camuflagem



As estações já não me  colhem   desatenta
Não me desarvoram  os quentes verões
Causticando a pele nua .

Não desapaixono nos invernos indecentes
E  desafio  a neve que  se acumula
Nas paredes do meu frágil  querer.

Quando chega o outono  coaduno   paixões inquietantes
Que se multiplicam com os fios brancos
Assentados em  minhas têmporas.

Algumas , tal folhas ao vento, deixo-as ir
Partem sem contratempos. 
Sou estacional, brinco com a camuflagem do tempo.

Nos cheiros da primavera
Afoitamente exilo as incertezas.

Desconjugo o tempo presente
Retorno à era em que ser feliz
Foi a minha in­_sensata lei.

Fatima Mota 29/07/11

Um comentário:

  1. AVES DO BRASIL EM HAIKAI

    Fátima, teu poema é inteligente, arguto, perspicaz, escrutina o cerne do ser.
    Lindo!
    Beijos.

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